A aspergilose pulmonar é uma doença infeciosa fúngica, oportunista, não contagiosa, que pode manifestar-se como infeção local denominada de aspergiloma.1 Este tem origem na colonização e proliferação de Aspergillus spp. em cavidades pulmonares pré-existentes (secundárias a tuberculose, sarcoidose, bronquiectasias, pneumoconiose, fibrose quística, enfisema bolhoso, neoplasias ou abcessos).1,2
Os autores apresentam o caso clínico de um homem de 42 anos, com hemoptises súbitas, tosse crónica, dispneia, emagrecimento e febre (39 ºC) com três dias de evolução. Doente com três internamentos recentes por hemoptises abundantes refratárias à terapêutica médica. Teve Tuberculose Pulmonar no passado. O doente foi internado para estudo e controlo de hemoptises maciças recidivantes. Dos exames complementares realizados, destaca-se anemia normocítica e normocrómica (Hb: 9,1 g/dl), elevação da velocidade de hemosedimentação (110mm/h) e aumento de parâmetros inflamatórios (leucocitose neutrofílica 17.70 /15.40 G/L e proteína C-reativa 1.60 mg/dL). Radiologicamente identificaram-se infiltrados peri-hilares bilaterais mal definidos. A Tomografia computadorizada torácica mostrou áreas de condensação com broncograma aéreo e lesões cavitadas nos ápices pulmonares, observando-se, no vértice pulmonar esquerdo, coleção de ar periférica em volta de uma massa localizada no interior de uma cavidade – o sinal do crescente (Fig 1), era um aspergiloma (Fig 2). O exame microbiológico e fúngico da expectoração, as serologias víricas, os testes imunológicos e as hemoculturas foram negativas. Contudo, perante clínica persistente de hemoptises, não responsivas ao tratamento médico, optou-se pela cirurgia, sendo esta eficaz e definitiva. O resultado anatomo-patológico da peça cirúrgica confirmou o diagnóstico definitivo de aspergilose pulmonar.
O diagnóstico de aspergilose é difícil e complexo, devido à inespecificidade inerente e à frequente ocorrência tardia dos infiltrados pulmonares. Contudo, na presença da clínica e imagiologia sugestivas, o diagnóstico confirma-se pelo isolamento de Aspergillus ou pela presença de anticorpos séricos (que podem ser negativos)3, excluido-se outras condições como tuberculose ativa, infecção micobacteriana atípica, histoplasmose cavitária crónica e coccidioidomicose.4,5
Figura I
Na Figura 1 identifica-se uma colecção de ar periférica em volta de uma massa localizada no interior de uma cavidade – o sinal do Crescente. A causa mais frequente é um aspergiloma (Figura 2).
BIBLIOGRAFIA
Referências bibliográficas:
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2. Carreira S, Lopes A, Basto RP, Faria I, da Mata JP. Aspergilose pulmonar necrotizante: a propósito de dois casos clínicos. Rev Port Pneumolol. 2011; 17: 80-4.
3. Fishman AP, Elias JA, Fishman JA, Grippi MA, Senior RM, Pack AI. Fishman’s Pulmonary Diseases and Disorders, 4th ed. New York: Mc Graw Hill; 2008.
4. Soubani AO, Chandrasekar PH. The clinical spectrum of pulmonary aspergillosis. Chest 2002; 121:1988-1999.
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