Apresentamos imagens referentes a uma mulher de 65 anos, hipertensa, medicada com nimesulida por queixas álgicas nos pés. Três dias depois, inicia erupção cutânea, não pruriginosa, com máculas eritematosas e áreas de confluência ao nível do tronco e membros. Por agravamento, com evolução para flitenas e descamação cutânea (com > 30% da área corporal afetada), recorreu ao Serviço de Urgência, sendo admitida de imediato na Unidade de Cuidados Intensivos. O tratamento consistiu na suspensão do fármaco etiológico, manutenção da temperatura corporal, minimização das perdas de fluido transdérmicas (com reposição hidroeletrolítica vigorosa) e prevenção da sobreinfeção através do isolamento da doente, utilização de tecnicas de assépsia rigorosas e controlo da temperatura ambiental. A histologia de biopsia cutânea mostrou descolamento dermoepidérmico com necrose confluente de toda a espessura da epiderme, confirmando o diagnóstico de Necrólise Epidérmica Tóxica. Na admissão apresentava lesão renal aguda, que foi corrigida com reposição da volémia. Evoluiu favoravelmente com uma reepitilização sustentada e relativamente rápida, sem registo de intercorrências, permitindo a alta desta Unidade, após quatro semanas e à sexta semana teve alta hopitalar.

A necrólise epidérmica tóxica é uma doença sistémica grave, potencialmente fatal, caraterizada por descolamento dermoepidérmico extenso e erosão das mucosas. 95% dos casos devem-se a uma reação idiossincrática à administração de fármacos, estando frequentemente implicados os anti-inflamatórios não esteroides, como o caso apresentado.

O diagnóstico é clínico e apoiado pela histologia. A sua fisiopatologia não está completamente esclarecida, pelo que não existe atualmente uma terapêutica específica, comprovadamente eficaz, no entanto, sabe-se que o tratamento obriga à suspensão imediata do fármaco suspeito e à referenciação do doente a uma Unidade de Cuidados Intensivos, de forma a minimizar a perda da função barreira da pele, com fortes implicações na manutenção da homeostasia, nomeadamente prevenção de desidratação, alterações eletrolíticas e infeção.

Figura I

Imagem das lesões cutâneas, com evolução para flitenas e descamação cutânea

Figura II

Imagem das lesões cutâneas, com evolução para flitenas e descamação cutânea

  BIBLIOGRAFIA  

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