Os Linfomas não-Hodgkin (LNH) são neoplasias dos tecidos linfóides, que derivam de células B e T maduras e/ou dos seus progenitores. Podem ter um comportamento indolente ou agressivo. O Linfoma Folicular (LF) é o mais frequente dos indolentes, correspondendo a 20% de todos os LNH. Na maioria dos casos, o aparecimento de adenopatias periféricas constitui a sua primeira manifestação, sendo raro o atingimento do sistema nervoso central (SNC)¹.

Descreve-se o caso de uma doente, de 75 anos, que em 2007 apresenta adenopatias cervicais bilaterais e gânglio supraclavicular esquerdo, sem sintomas B ou hepato-esplenomegalia. A biópsia ganglionar revelou LF de Células B, Grau 2 (CD20 positivo). Realizou Tomografia computorizada crânio-encefálica e punção lombar que excluíram envolvimento do SNC. A biópsia óssea e o mielograma não revelaram infiltração medular. Cumpriu 8 ciclos de quimioterapia (QT) com Rituximab, Ciclofosfamida, Vincristina e Prednisolona (R-CVP), apresentando resposta completa durante 44 meses. Após esse período, apresenta nódulo cervical e tumefacção temporo-occipital direitos, sem sintomas B ou hepato-esplenomegália. Realiza Tomografia computorizada e Ressonância magnética crânio-encefálicas (Fig. I e II), que revelam lesão nodular temporo-occipital direita intra e extra-craniana, com características de agressividade. O estudo anatomopatológico da tumefacção temporo-occipital foi compatível com LF de Células B, Grau 2 (CD20 positivo). Da restante investigação destaca-se: serologias para Vírus da Imunodeficiência Humana negativas; líquor sem evidência de infiltração. Fez QT com CVP, Dexametasona e radioterapia, apresentando melhoria significativa.

Aproximadamente 80% dos doentes com diagnóstico de LF apresentam resposta completa à QT inicial com R-CVP. Todavia, estes doentes acabam por desenvolver doença progressiva ou recidiva². Esta geralmente cursa com hepato-esplenomegalia assintomática ou com adenopatias indolores. Desconhece-se se o risco de envolvimento do SNC numa recidiva é alterado com o tratamento do linfoma inicial. No entanto, estudos sugerem que a incidência desse envolvimento é menor quando associada a QT prévia com Rituximab³.

Figura I

Tomografia Computorizada Crânio-Encefálica com contraste endovenoso: lesão nodular temporo-occipital direita intra e extra-craniana com aparente esclerose óssea.

Figura II

Ressonância Magnética Crânio-Encefálica com contraste endovenoso: lesão expansiva temporo-occipital direita com aparente esclerose óssea, com captação de contraste e caracteristicas de agressividade.

  BIBLIOGRAFIA  

1. Freedman AS, Aster JC, Clinical manifestations, pathologic features, diagnosis, and prognosis of follicular lymphoma. UpToDate 2012. Literature review January 2012.

2. Freedman AS, Friedberg JW, Treatment of relapsed or refractory follicular lymphoma. UpToDate 2012. Literature review March 2012.

3. Norden AD, Hochberg E, Hochberg FH, Secondary involvement of the central nervous system by non-Hodgkin lymphoma. UpToDate 2012. Literature review January 2012.