ARTIGO

Descrevemos o caso de um homem de 68 anos com história clínica de doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC), pólipos do cólon excisados, diverticulose do cólon, esofagite, hérnia do hiato, gastrite crónica não atrófica (H. Pylori positivo, tendo realizado erradicação) e tabagismo e alcoolismo marcados. Internado por insuficiência cardíaca e DPOC descompensadas por traqueobronquite aguda, macrocitose por alcoolismo, défice de ácido fólico e vitamina B12. No exame objetivo destacamos nariz bulboso e eritematoso com tecido cicatricial e telangiectasias avermelhadas e arroxeadas, compatível com rinofima/rosácea fimatosa um dos subtipos de rosácea (figura 1). O subtipo III ou rosácea fimatosa caracteriza-se, mais frequentemente, por aumento da espessura da pele com contornos irregulares do nariz – rinofima [1-2]. Estudos documentaram uma prevalência de rosácea avançada entre 1.3% e 2.1% [1]. O subtipo que inclui o rinofima é mais prevalente em homens com mais de 40 anos [1-2]. A patofisiologia da rosácea não está totalmente esclarecida mas parece estar relacionada com um estado inflamatório crónico. Na histologia destas lesões destaca-se dilatação superficial dos vasos linfáticos e sanguíneos com consequente edema crónico, infiltração de células T CD4+, macrófagos e mastócitos, inflamação local, fibrose e hiperplasia das glândulas sebáceas [1-3]. Parece existir uma predisposição genética para a existência de uma resposta inadequada a diferentes estímulos ambientais (incluindo exposição a radiação ultravioleta) [1]. O rinofima já foi erradamente associado ao consumo excessivo de álcool, devido à vasodilatação local provocada pelo mesmo que pode piorar os sintomas [3]. Com a evolução da doença pode ocorrer obstrução da via aérea nasal. Deve ser tido em conta também o impacto psicossocial que este e outros subtipos de rosácea provocam por serem uma deformidade cosmética. O rinofima pode ainda ocultar a presença de neoplasias cutâneas malignas [3]. A terapêutica com laser é uma hipótese que deve ser considerada [1-4].

Conflitos de Interesse: Os autores declaram a inexistência de conflitos de interesse na realização do presente trabalho.

Figura I

Rinofima

  BIBLIOGRAFIA  

1.WEINKLE A, DOKTOR V, EMER J. Update on the management of rosacea. Clinical, Cosmetic and Investigational Dermatology 2015:8 159–177.

2.DAHL, Mark V. Rosacea: Pathogenesis, clinical features, and diagnosis. Uptodate. 2016. Disponível em: http://www.uptodate.com/contents/rosacea-pathogenesis-clinical-features-and-diagnosis. Acesso em 16/05/2016.

3.LAUN, J et al. Rhinophyma. Interesting Case Series. May 1,2015. Disponível em: www.ePlasty.com.

4.MAIER, Lisa E. Management of rosacea. Uptodate 2016. Disponível em: http://www.uptodate.com/contents/management-of-rosacea. Acesso em 16/05/2016.