A paraplegia por Mal de Pott é a complicação mais temida da tuberculose vertebral.1
Apesar dos achados radiológicos poderem ser normais numa fase precoce, as radiografias continuam a ser o primeiro método imagiológico utilizado quando há suspeita de espondilite infeciosa. Em comparação com a radiografia, a tomografia computorizada avalia melhor o tipo e extensão da lesão.2
Para avaliar o grau de compressão neuronal, a ressonância magnética é o exame de eleição.
O tratamento visa a restauração do alinhamento devido da coluna vertebral e desbridamento até alcançar a estabilidade permanente.3
Apresenta-se um caso de um doente com 37 anos, sexo masculino, com história pessoal de infeção VIH sob terapêutica antirretroviral, e VHC.
Diagnosticado em 2007 com Mal de Pott com atingimento da vértebra D12, operado neste ano pela Neurocirurgia para correção de cifose com colocação de uma Caje a nível D10-D12. Cumpriu também um ano e meio de anti bacilares.
Internado 8 anos depois por agravamento dos sintomas neurológicos, nomeadamente marcada diminuição da força nos membros inferiores (grau IV/V bilateralmente) com impossibilidade para a marcha só possível com auxiliares, bem como alterações da sensibilidade (a partir de da região inguinal bilateralmente). Constatou-se falência do material cirúrgico colocado anteriormente, condicionando cifose grave com compressão medular. O exame escolhido para melhor caracterização da extensão da lesão foi a tomografia computorizada, após a realização da radiografia (figuras 1 e 2), por precaução uma vez que a Cajeinserida condicionou a não realização de ressonância magnética.
Foi então intervencionado para tentativa de fixação vertebral. No decorrer da cirurgia verificou-se a existência de osso sem qualidade suficiente para colocação de qualquer material protésico, pelo que se optou por laminectomia extensa (6 níveis), com libertação da zona correspondente à compressão pela Caje. Com esta intervenção passou a mobilizar espontaneamente os membros inferiores.
Após a cirurgia iniciou programa de reabilitação motora que ainda mantém recuperando a sensibilidade e função motora (paresia de grau II/V dos membros inferiores).
Figura I

Radiografa do torax de perfil
Figura II

Tomografia computorizada do torax, plano sagital
BIBLIOGRAFIA
1. Luk K. Tuberculosis of the spine in the new millenium. Eur Spine J 1999; 8: 338-345.
2. Rivas-Garcia A., Sarria-Estrada S., Torrents-Odin C., Casas-Gomila L., Franquet E. Eur Spine 2013; 22 (suppl 4): S567-S578.
3. Zou M., Li J., Lv G., Wang B., Deng Y. Treatment of thoracic or lumbar spinal tuberculosis complicated by resultant listhesis at the involved segment. Clinical Neurology and Neurosurgery 2014; 125: 1-8.