Pode ocorrer calcificação das diversas estruturas cardíacas em diferentes circunstâncias: o pericárdio (pericardite calcificada), aparelho valvular (doença reumática ou degenerativa), tumores (mixoma auricular) ou lesões do próprio miocárdio. Os aneurismas ventriculares são uma complicação conhecida do enfarte do miocárdio, com uma taxa de incidência entre 10-35%, embora a ocorrência de calcificação seja rara. 95% dos aneurismas ventriculares são devidos ao enfarte miocárdico; outras causas incluem traumatismo, doença de Chagas, sarcoidose e, muito raramente, aneurismas congénitos¹. Há relatos excepcionais de calcificação da aurícula esquerda após cirurgia de substituição valvular mitral ou associados a doença reumática². A calcificação sobrepõe-se ao trombo mural ou desenvolve-se na própria cicatriz de necrose miocárdica. Doenças que favoreçam a calcificação metastática dos tecidos como a insuficiência renal crónica ou metástases do carcinoma da próstata aumentam a probabilidade de desenvolvimento destas curiosas calcificações^3,4.

As imagens que apresentamos demonstram aspectos muito típicos (figuras 1, 2) de calcificações murais do miocárdio. Pertencem a uma mulher de 84 anos que tivera um enfarte do miocárdio 14 anos antes da actual admissão hospitalar, para controlo de fibrilação auricular com resposta ventricular rápida. Em internamento posterior veio a falecer por isquémia aguda intestinal e dos membros inferiores.

Figura I

Calcificação visível no bordo lateral esquerdo da silhueta cardíaca, correspondendo a aneurisma ventricular calcificado

Figura II

Calcificação em forma de meia-lua, típica da calcificação de aneurisma mural

  BIBLIOGRAFIA  

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