Descreve-se o caso clínico de uma doente de 66 anos de idade, que recorreu ao serviço de urgência por dor transfixiva no hemitórax direito, constante, sem factores de agravamento ou alívio, com cerca de um mês de evolução. Sem alterações no exame objetivo e no estudo analítico do sangue. A telerradiografia de tórax revelou ausência quase completa do 5º arco costal direito, sem alterações pleuropulmonares ou da silhueta cardíaca (Fig. 1). Para esclarecimento, realizou tomografia axial computorizada do tórax que revelou destruição completa do 5º arco costal posterior direito e apófise transversa de D5 por massa de tecidos moles com 82x41x38mm (Fig. 2). O exame histopatológico colhido por punção aspirativa guiada por TAC revelou um linfoma não-Hodgkin difuso de grandes células-B. A avaliação complementar que incluiu mielograma, biópsia óssea e tomografia axial computorizada de corpo, confirmou um linfoma não-Hodgkin difuso de grandes células-B traduzido por massa paravertebral, em estadio II-A. A doente veio a falecer 6 meses após o diagnóstico, por progressão da doença.
O linfoma difuso de grandes células-B é o subtipo histológico mais comum de linfoma não-Hodgkin.1-2 Normalmente de evolução agressiva, tem como forma de apresentação linfoadenopatias e sintomas B.
A apresentação clínica dos linfomas como massa isolada da parede torácica é muito rara. Na literatura estão descritos poucos casos sendo o linfoma difuso de grandes células-B o subtipo histológico mais vulgar.3-5
Salientamos neste caso a forma curiosa de apresentação da doença hematológica, traduzida num achado peculiar na radiografia de tórax, um exame complementar de realização assaz frequente.
Figura I

Telerradiografia de tórax póstero-anterior revelando a ausência quase completa do 5º arco costal direito.
Figura II

Tomografia axial computorizada do tórax revelando massa de tecidos moles com destruição óssea do 5º arco costal direito e apófise transversa de D5 (seta).
BIBLIOGRAFIA
1 – Vitolo U, Seymor J, Martelli M, Illerhaus G, Illidge T, Zucca E, et al. Extranodal diffuse large B-cell lymphoma and primary mediastinal B-cell lymphoma: SMO Clinical Practice Guidelines for diagnosis, treatment and follow-up. Ann Oncol. 2016; 00: 1-12.
2 – Tilly H, Silva M, Vitolo U, Jack A, Lopes-Guilermo A, Walewski J, et al. Diffuse large B-cell lymphoma: ESMO Clinical Practice Guidelinesfor diagnosis, treatment and follow-up. Ann Oncol. 2015; 26 (5): 116-125.
3 – Lau M-C, Mhandu P, Parissis H, McGuigan J. Primary diffuse B-cell lymphoma presenting as solitary chest-wall lesion. J Surg Case Rep. 2015; 6: 1-2.
4 – Qiu X, Liu Y, Qiao Y, Chen G, Shi T, Chen J, et al. Primary diffuse large B-cell lymphomaof the chest wall: a case report. World J Surg Onc. 2014; 12: 1-4.
5 – Witte B, Hürtgen M. Lymphomas presenting as chest wall tumours. Thorac Surg Sci. 2006; 3: 1-4.