A tuberculose é uma doença causada pelo Mycobacterium tuberculosis (MT), que afeta predominantemente os pulmões.1 Constitui um problema global de saúde pública, associado a relevante mortalidade.2 Em Portugal a taxa de incidência tem vindo a diminuir mas ainda se mantém relativamente elevada (18,6/100.000 habitantes, em 2015).3
Apresenta-se o caso de um homem de 52 anos, sem antecedentes clínicos relevantes, trabalhador na indústria metalúrgica com exposição laboral não protegida a poeiras. Admitido no serviço de urgência por quadro, com 1 ano de evolução, caraterizado por tosse com expetoração mucopurulenta (ocasionalmente hemoptóica), dor pleurítica bilateral, astenia e emagrecimento de 10kg. Sem febre ou outras queixas, protelou a procura de cuidados médicos por associar o quadro à exposição laboral referida. A radiografia torácica mostrou infiltrados pulmonares e lesões cavitadas dispersas, com exuberantes níveis hidroaéreos (Fig. 1). Os exames diretos e por PCR, em amostras de expectoração, foram positivos para MT. Analiticamente, evidenciava-se discreta elevação dos parâmetros inflamatórios e serologia VIH negativa. Inicia, em regime de internamento, terapêutica anti-tuberculosa quadrupla (HRZE), com boa tolerância. Tem alta para consulta externa de Infeciologia e para o Centro de Diagnóstico Pneumológico ao 21º dia de internamento, já com baciloscopia negativa e melhoria radiológica evidente. Já em consulta de seguimento evidenciou-se melhoria clínica e imagiológica marcada e, igualmente, confirmou-se a poli-sensibilidade aos antituberculosos de primeira linha da estirpe de MT isolada nos exames culturais.
Selecionou-se este caso pelas exuberantes alterações radiográficas, surpreendentes num doente sem outra patologia concomitante e tendo em conta o seu excelente estado geral. A educação da população na procura atempada de cuidados médicos perante sintomas arrastados (como seja todo quadro de tosse com duração superior a 15 dias) permite reduzir o risco de contágio, sendo essencial para um tratamento mais atempado e para um melhor controlo da infeção.
Figura I

Radiografia de tórax ântero-posterior: infiltrados dispersos e lesões cavitadas com níveis hidroaéreos.
BIBLIOGRAFIA
1. Migliori GB, Zellweger JP, et al. European union standards for tuberculosis care. Eur Respir J. 2012 Apr;39(4):807-19
2. Duarte R, Carvalho A, Ferreira D, Saleiro S, Lima R, Mota M, Raymundo E, Villar M, Correia A. Tuberculosis treatment and management of some problems related to the medication. Rev Port Pneumol. 2010 Jul-Aug;16(4):559-72
3. Direção Geral de Saúde. Portugal – Infeção VIH, SIDA e Tuberculose em números – 2015. Lisboa: DGS; Novembro de 2015.