INTRODUÇÃO
A febre Q é uma zoonose de distribuição mundial causada pela Coxiella burnetti, uma bactéria estritamente intracelular, cujo reservatório natural engloba mamíferos, pássaros e artrópodes 1-5. Nos humanos, a infeção geralmente resulta do contacto próximo com animais domésticos como gado bovino, ovino ou caprino, que, quando infetados, excretam C. Burnetti na urina, fezes, leite e placenta, gerando aerossóis contaminados passiveis de serem inalados 1-5.
De acordo com os registos da Direção Geral de Saúde foram declarados 79 casos de febre Q entre 2011-2014 em Portugal, contudo admite-se que a incidência real possa estar subestimada 5,8.
A síndrome nefrótica pode surgir associada a um largo espectro de patologias 9-13. A nefropatia a anti-inflamatórios não esteroides (AINE’s) é uma causa frequente de síndrome nefrótica secundária, originando geralmente quadros autolimitados, que resolvem com a suspensão do fármaco 14-18. Apesar de não estarem descritos casos de associação entre Febre Q e síndrome nefrótica na literatura, existem casos relatados de doença de lesões mínimas secundárias a quadros infeciosos 15.
Os autores descrevem um caso com apresentação inicial de poliartralgia medicada com AINE’S, e síndrome nefrótica cujo diagnóstico final foi de febre Q aguda.
CASO CLÍNICO
Doente do sexo masculino, 50 anos, caucasiano, com antecedentes de dislipidémia e episódio prévio de tromboflebite do membro inferior esquerdo, residente em meio rural, com contacto próximo com animais. Medicado cronicamente com pravastatina 20mg, ácido acetilsalicílico 100mg e oxerrutinas.
Recorre ao Serviço de Urgência, na altura do verão, por quadro com um mês de evolução de mal-estar, mialgias, artralgias migratórias, de características inflamatórias, e edema articular, inicialmente de ambos os joelhos, com posterior envolvimento do ombro direito e articulações tarso-falângicas. Automedicado previamente com ibuprofeno, seguido de diclofenac e finalmente etoricoxib, sem melhoria clínica. O doente negava outra sintomatologia acompanhante, nomeadamente febre, tosse, dispneia ou alterações cutâneas.
À observação salientava-se a presença de edema depressível bilateral dos membros inferiores até ao joelho, e dor à mobilização passiva e ativa dos joelhos e ombro direito, sem, contudo, outros sinais que pudessem sugerir artrite, nomeadamente rubor, edema ou calor. Restante exame objetivo sem alterações, apirético, com perfil tensional normal, auscultação cardiopulmonar normal, sem organomegalias ou adenopatias palpáveis.
Conforme referido no Quadro 1, analiticamente apresentava anemia normocrómica, normocítica, leucocitose com neutrofilia, trombocitose, elevações significativas da velocidade de sedimentação e da proteína C reactiva e hipoalbuminémia e proteinúria marcada.
O doente foi internado no Serviço de Medicina para investigação do quadro. Foram pedidos o perfil lipídico (colesterol total 260 mg/dL, colesterol LDL 185 mg/dL, triglicerídeos 239 mg/dL) e a proteinúria de 24 horas (14.340 mg/dia) que confirmaram a presença de síndrome nefrótica de etiologia a esclarecer. O estudo subsequente, apresentado no Quadro 2, englobou pesquisa de marcadores de patologia autoimune e exclusão de presença de patologia infeciosa ou neoplásica. Salientam-se os seguintes resultados: tomografia computorizada toraco-abdomino-pélvica, endoscopia digestiva alta e colonoscopia sem evidência de foco neoplásico; ecocardiografia com aparelhos valvulares sem alterações; anticorpos anti-nucleares (ANA’s) negativos; anticoagulante lúpico positivo com anti-cardiolipina e anti-beta2 glicoproteína negativos; anticorpos anti-citoplasma do neutrófilo (ANCA’s) negativos; anticorpo anti-péptido citrulinado cíclico negativo; proteínas do complemento C3 e C4 aumentadas; electroforese de proteínas (figura 1) com pico alfa 2 e beta 2, sem evidência de doença monoclonal; imunocitoquimica com elevação isolada das cadeias livres kappa, com relação kappa/lambda e imunofixação normal; serologias para HIV 1 e 2 negativas; VDRL negativo; Ag e Ac antiHBs negativos; anticorpo HCV negativo; hemoculturas e urocultura negativos; serologia para Chlamydophila pneumonia negativa; TASO negativo
Admitindo possível quadro infecioso atípico, e atendendo ao contexto epidemiológico, pediram-se também serologias para Coxiella burnetti, Borrelia burgdoferi, Brucela spp., Rickettsias spp. e decidiu-se iniciar empiricamente doxiciclina ao 2.º dia de internamento. Desde então observou-se evolução favorável, com regressão do quadro clínico. Ao 7.º dia de internamento obteve-se os resultados serológicos, tendo-se verificado a presença de anticorpos IgM e IgG de anti-fase II paraCoxiella burnetti (Quadro 2), estabelecendo assim o diagnóstico de febre Q aguda. Manteve-se antibioterapia dirigida com doxiciclina 100mg 12/12h, durante 14 dias. De referir que, ainda durante o internamento, o doente reverteu espontaneamente a síndrome nefrótica, com a suspensão dos anti-inflamatórios não esteróides e sob doxiciclina, sem necessidade de iniciar terapêutica dirigida, apresentando-se sem proteinúria ao 5.º de internamento, pelo que não foi realizada biópsia renal. O doente teve alta ao fim de 7 dias de internamento.
Reavaliado em consulta, um e três meses após a alta, o doente mantinha remissão da síndrome nefrótica e da sintomatologia. Repetiu serologias que se mantiveram positivas para anticorpos anti-fase II confirmando o diagnóstico de febre Q aguda, com restantes resultados negativos.
DISCUSSÃO
O diagnóstico diferencial da síndrome nefrótica é extenso (Figura 2), abrangendo desde patologias auto-imunes, até patologias infeciosas, neoplásicas, metabólicas e iatrogénicas 9-13. Do ponto de vista histológico existem 4 grupos principais: (1) doença de lesões mínimas; (2) glomeruloesclerose focal segmentar; (3) nefropatia membranosa; (4) amiloidose. Estes padrões de doença podem resultar de quadros primários (idiopáticos) ou então, podem ser secundários a várias patologias. De acordo com os estudos existentes a nefropatia membranosa é o padrão mais frequente nos adultos, sendo responsável por 20-30% dos quadros de síndrome nefrótico, seguida pela doença de lesões mínimas e a glomeruloesclerose focal segmentar 9-13. A biópsia renal é o exame de diagnóstico mais importante na abordagem do doente com síndrome nefrótica, permitindo na maioria das vezes estabelecer o diagnóstico 9-13.
Neste caso em concreto não foi realizada a biópsia renal pois tratou-se de uma situação autolimitada, com resolução espontânea em menos de uma semana, sem necessidade de intervenção terapêutica dirigida. Uma das situações a considerar é a possível presença de nefropatia a antiinflamatórios não esteróides. Esta entidade pode apresentar-se como síndrome nefrótica quer na forma de doença de lesões mínimas, quer na forma de nefropatia membranosa 14-18. O uso de AINE’s é a causa mais frequente de doença de lesões mínimas secundária, no adulto. Uma das principais características desta entidade é a resolução espontânea da síndrome nefrótico 1-36 semanas após a suspensão da terapêutica com AINE’s, como se verificou no nosso caso 16-17. Não podemos excluir ter sido a própria febre Q a origem da síndrome nefrótica, visto que estão descritos raros casos de síndrome nefrótica por doença de lesões mínimas, associada a quadros infeciosos (Figura 2).
As manifestações clínicas da febre Q aguda são muito variáveis e dependem da área geográfica em questão 3. Embora classicamente sejam descritas 4 formas de apresentação: (1) síndrome gripal auto-limitado; (2) pneumonia atípica; (3) hepatite aguda; (4) síndrome febril indeterminado; apenas 20-40% dos doentes apresentam quadro sintomático, geralmente adultos do sexo masculino 1,19. Outras apresentações menos frequentes incluem rash maculo papular ou purpúrico, pericardite ou miocardite, encefalite ou meningite asséptica. Existem ainda casos pontuais descritos de alterações neurológicas como convulsões, coma, polirradiculoneurite, neurite óptica, síndrome hemofagocítico, anemia hemolítica, tiroidite, gastroenterite, pancreatite, eritema nodoso, orquidite, epididimite, colecistite aguda acalculosa, e de rutura esplénica, contudo estas são manifestações muito raras da doença 6, 20-23. A evolução para febre Q crónica ocorre em cerca de 1-5% dos doentes com febre Q aguda 1. As apresentações mais frequentes são a endocardite e a osteomielite.
Esta multiplicidade de apresentações implica que a febre Q faça parte do diagnóstico diferencial de variados quadros sistémicos, sobretudo, em individuos residentes ou expostos a ambientes rurais, onde o risco de adquirir a infeção é mais elevado. Um dos sintomas/sinais isolados mais comuns é a presença de febre, que no nosso caso não se verificou. Contudo é necessário ter em conta que este doente mantinha terapêutica desde o inicio da sintomatologia com AINE’s em ambulatório, o que provavelmente alterou o seu perfil térmico, para além de outras possíveis manifestações da doença.
O diagnóstico é estabelecido por serologia, considerando-se positivo para febre Q aguda: (1) título IgG anti-fase II > 200; (2) título IgM anti-fase II > 50; (3) subida 4x dos títulos IgG entre a fase aguda e de convalescença, entre 3 a 6 semanas; e positivo para febre Q crónica: (1) título IgG antifase I > 800; (2) persistência de títulos elevados de IgG antifase I 6 meses após terapêutica; (3) isolamento do DNA da Coxiella burnetti em amostras de sangue ou biópsias 5-7. De referir que o doente em questão apresentou sempre anticorpos fase II em 3 avaliações seriadas, pelo que nunca houve evidência clínica ou analítica de febre Q crónica.
Em termos analíticos, as alterações possíveis na febre Q são inespecíficas com presença de leucocitose e trombocitopenia em 25% dos casos, elevação da velocidade de sedimentação em 20% dos casos, e elevação das transaminases (2-10x o valor normal) em até 85% dos casos 6. Assim o diagnóstico é estabelecido maioritariamente com recurso a estudos serológicos, o que pode atrasar o início da terapêutica. Outro aspeto interessante da infeção a Coxiella burnetti é que cursa muitas vezes associada com presença de auto-anticorpos, nomeadamente, anticorpo anti-mitocôndria, anticorpo anti-músculo liso, e/ou anticorpos antifosfolipidicos, sem outras evidências de doença autoimune 6. Este caso também é exemplo disso, tendo-se verificado positividade transitória para anticoagulante lúpico, que negativou após 3 meses, com restantes marcadores de auto-imunidade negativos. Parece haver uma associação entre níveis elevados de anticorpo anticardiolipina e a progressão de febre Q aguda para endocardite, contudo esta relação apenas foi demonstrada num único estudo 24.
A febre Q aguda é habitualmente um quadro autolimitado com resolução espontânea geralmente em 2 semanas, contudo recomenda-se o tratamento antibiótico em doentes sintomáticos com doxiciclina (100mg 2x dia) durante 14 dias ou, em alternativa, fluroquinolona ou macrólido. Por outro lado, doentes que desenvolvam endocardite devem ser tratados no mínimo durante 18 meses com doxiciclina e hidroxicloroquina 25. Doentes assintomáticos na altura do diagnóstico não têm beneficio em fazer ciclo de antibioterapia.
CONCLUSÃO
A multiplicidade de apresentações da febre Q obriga a que esta seja considerada no diagnóstico diferencial de quadros com envolvimento sistémico, sobretudo em áreas rurais com exposição frequente a animais.
Com este caso pretende-se alertar para o facto que algumas doenças, sobretudo quando sistémicas, podem-se apresentar de forma atípica, oligossintomática, ou com padrões diferentes dos convencionalmente descritos, o que poderá dificultar ou atrasar o seu diagnóstico.
Quadro I
Resultados analiticos no Serviço de Urgência
Parâmetro | Resultado | Valores de referência |
Eritrócitos | 4.43 x10^6 | 4,32-5.66 x10^6 µL |
Hemoglobina | 12.7 | 13.3-16.7 g/dl |
Hematócrito | 38.3 | 39.0-50.0 % |
Volume globular médio | 88 | 82.0-98.0 fL |
Hemoglobina globular média | 29.3 | 27.3-32.6 pg |
Leucócitos | 16100 | 3.7-9.5 x102 µL |
Neutrófilos | 82.1 | 47.2-77.6% |
Linfócitos | 9.5 | 7.0-36.0% |
Eosinófilos | 0.5 | 2.0-4.0% |
Plaquetas | 747000 | 170-430 x103 µL |
INR | 1.12 | 0.8-1.2 |
APTT | 41.0 | 24.5-35.2 seg |
Velocidade de sedimentação | 46 | <15mm |
Proteína C reactiva | 14.0 | < 0.5 mg/dL |
Ureia | 28 | 19-43 mg/dL |
Creatinina | 0.5 | 0.8-1.5 mg/dL |
Sódio | 136 | 137-145 mmol/L |
Potássio | 4.5 | 3.5-5.1 mmol/L |
Aspartato aminotransferase | 19 | 17-59 U/L |
Alanino aminotransferase | 6 | 21-72 U/L |
Fosfatase alcalina | 375 | 58-237 U/L |
GGT | 121 | 15-73 U/L |
Bilirrubina total | 0.24 | 0.20-1.30 mg/dL |
LDH | 375 | 313-618 U/L |
CK total | <20 | 55-170 U/L |
Proteínas totais | 6.9 | 6.3-8.2 g/dL |
Albumina | 2.8 | 3.5-5.0 g/dL |
TSH | 3.68 | 0.50-5.50 µUI/mL |
Urina tipo II | Proteinúria 4+ |
Quadro II
Estudo analitico realizado durante o internamento e posteriormente em consulta aos 30 dias e 90 dias
Parâmetro | Resultado | Resultado | Resultado | Valores de referência |
Avaliação inicial | Avaliação aos 30 dias | Avaliação aos 90 dias | ||
Creatinina | 0.5 | 0.5 | 0.6 | 0.8-1.5 mg/dL |
Albumina | 2.8 | 3.7 | - | 3.5-5.0 g/dL |
Proteinúria 24h | 14340 | 180 | - | 42-225 mg/dia |
Hemoglobinúria | negativa | negativa | - | - |
Microalbuminúria | - | - | 3.6 | < 20 mg/L |
Anticoagulante Lúpico (plasma) | 1.52 | - | 1.18 | < 1.20 Ratio |
Anticoagulante Lúpico - Sílica Clotting | 1.49 | - | 1.16 | < 1.20 Ratio |
Anticoagulante Lúpico – Sílica Clotting (confirmatório) | 1.28 | - | - | < 1.20 Ratio |
Ac. anti – cardiolipina IgG e IgM | negativo | - | negativo | - |
Ac. Anti – beta2 glicoproteína IgG e IgM | negativo | - | negativo | - |
Ac. Anti péptido citrulinado cíclico | negativo | - | negativo | - |
Ac. Antinucleares | negativo | - | negativo | - |
Ac. Anti Citoplasma de Neutrófilo | negativo | - | negativo | - |
Velocidade de sedimentação | 46 | 90 | 51 | < 15 mm |
Ferritina | - | - | 178 | 18-464 ng/mL |
Complemento C3 | 308 | - | 172 | 90-180 mg/dL |
Complemento C4 | 79 | - | 33 | 10-40 mg7dL |
Ag. HBs | Não reativo | - | - | - |
Ac. HBs | Não reativo | - | - | - |
Ac. HBc | Não reativo | - | - | - |
Ac. HCV | Não reativo | - | - | - |
HIV I e II | Não reativo | - | Não reativo | - |
VDRL | Negativo | - | - | - |
Borrelia burgdoferi IgG e IgM | Negativo | Negativo | - | - |
Coxiella burnetti IgG fase II | >=200 | 200 | 800 | - |
Coxiella burnetti IgM fase II | >=50 | 100 | 100 | - |
Coxiella burnetti IgG fase I | Negativo | Negativo | Negativo | - |
Coxiella burnetti IgM fase I | Negativo | Negativo | Negativo | - |
Brucella IgG e IgM | Negativo | Negativo | - | - |
Chlamydophila pneumonia IgG e IgM | Negativo | Negativo | - | - |
Cadeias leves livres Kappa (soro) | 26.40 | - | - | 3.30-19.40 mg/dL |
Cadeias leves livres Lambda (soro) | 21.50 | - | - | 5.71-26.30 mg/dL |
Relação Kappa/Lambda livres (soro) | 1.23 | - | - | 0.26-1.65 mg/dL |
Imunoglobulina G | 772 | 1300 | 700-1600 mg/dL | |
Imunoglobulina A | 242 | 235 | 70-400 mg/dL | |
Imunoglobulina M | 94 | 106 | 40-230 mg/dL | |
Imunofixação sérica | Sem alterações qualitativas das cadeias das imunoglobulinas |
Figura I

Eletroforese de proteínas realizada durante o internamento (Imagem 1) e repetida após 90 dias (Imagem 2).
Figura II

Causas conhecidas de síndrome nefrótico e de proteínuria na faixa nefrótica
BIBLIOGRAFIA
1. Raoult D, Marrie T. Q fever. Clin Infect Dis 1995; 20:489
2. Raoult D. Q fever: still a query after all these years. J Med Microbiol 1996; 44:77
3. Raoult D, Marrie T, Mege J. Natural history and pathophysiology of Q fever. Lancet Infect Dis 2005; 5:219.
4. Frankel D, Richet H, Renvoisé A, Raoult D. Q fever in France, 1985-2009. Emerg Infect Dis 2011; 17:350
5. Santos A, Bacellar F, França A. Febre Q: revisão de conceitos. Med Interna 2007; 14:90
6. Fournier PE, Marrie TJ, Raoult D. Diagnosis of Q fever. J Clin Microbiol 1998; 36:1823
7. Anderson A, Bijlmer H, Fournier PE, et al. Diagnosis and management of Q fever--United States, 2013: recommendations from CDC and the Q Fever Working Group. MMWR Recomm Rep 2013; 62:1
8. Pinto C, Bordalo A, Albuquerque M, et al. Doenças de Declaração Obrigatória 2011-2014.2015; I:33
9. Rivera F, López-Gómez JM, Pérez-García R, Spanish Registry of Glomerulonephritis. Clinicopathologic correlations of renal pathology in Spain. Kidney Int 2004; 66:898.
10. Haas M, Meehan SM, Karrison TG, Spargo BH. Changing etiologies of unexplained adult nephrotic syndrome: a comparison of renal biopsy findings from 1976-1979 and 1995-1997. Am J Kidney Dis 1997; 30:621.
11. Braden GL, Mulhern JG, O´Shea MH, et al. Changing incidence of glomerular diseases in adults. Am J Kidney Dis 2000; 35:878.
12. Simon P, Ramee MP, Boulahrouz R, et al. Epidemiologic data of primary glomerular diseases in western France. Kidney Int 2004; 66:905.
13. Gesualdo L, Di Palma AM, Morrone LF, et al. The Italian experience of the national registry of renal biopsies. Kidney Int 2004; 66:890.
14. Almansori M, Kovithavongs T, Qarni MU. Cyclooxygenase-2 inhibitor-associated minimal-change disease. Clin Nephrol 2005; 63:381.
15. Glassock RJ. Secondary minimal change disease. Nephrol Dial Transplant 2003; 18 Suppl 6:vi52.
16. Clive DM, Stoff JS. Renal syndromes associated with nonsteroidal antiinflammatory drugs. N Engl J Med 1984; 310:563
17. Abraham PA, Keane WF. Glomerular and interstitial disease induced by nonsteroidal anti-inflammatory drugs. Am J Nephrol 1984; 4:1.
18. Warren GV, Korbet SM, Schwartz MM, Lewis EJ. Minimal change glomerulopathy associated with nonsteroidal antiinflammatory drugs. Am J Kidney Dis 1989; 13:127.
19. Tissot-Dupont H, Vaillant V, Rey S, Raoult D. Role of sex, age, previous valve lesion, and pregnancy in the clinical expression and outcome of Q fever after a large outbreak. Clin Infect Dis 2007; 44:232
20. Fournier PE, Etienne J, Harle JR, et al. Myocarditis, a rare but severe manifestation of Q fever: report of 8 cases and review of the literature. Clin Infect Dis 2001; 32:1440.
21. Bernit E, Pouget J, Janbon F, et al. Neurological involvement in acute Q fever: a report of 29 cases and review of the literature. Arch Intern Med 2002; 162:693.
22. Marrie TJ, Raoult D. Q fever--a review and issues for the next century. Int J Antimicrob Agents 1997; 8:145.
23. Rolain JM, Lepidi H, Harlé JR, et al. Acute acalculous cholecystitis associated with Q fever: report of seven cases and review of the literature. Eur J Clin Microbiol Infect Dis 2003; 22:222.
24. Million M, Walter G, Bardin N, et al. Immunoglobulin G anticardiolipin antibodies and progression to Q fever endocarditis. Clin Infect Dis 2013; 57:57.
25. Fenollar F, Fournier PE, Carrieri MP, et al. Risks factors and prevention of Q fever endocarditis. Clin Infect Dis 2001; 33:312.