O derrame pleural constitui um achado frequente na prática clinica,que varia desde de condições de origem local, sistémicas e uso de determinados fármacos com mais de 50 causas conhecidas1.O diagnóstico diferencial de um derrame pleural unilateral é vasto, só uma abordagem sistematizada permite estabelecer rapidamente um diagnóstico2 .Apresenta-se um caso de uma mulher de 48 anos, saudável, recorreu ao Serviço de Urgência por apresentar derrame pleural a esquerda em radiografia torácica solicitada pelo médico assistente por sintomas de gripe com 7 dias de evolução (Fig 1). Referia tosse seca, obstrução nasal e dor tipo pleurítica na base do pulmão esquerdo. Negava dispneia, febre, perda de apetite e perda ponderal. Observava-se a ausência de murmúrio vesicular na base pulmonar esquerda. Ausência de alterações ao exame neurológico. O estudo do liquido pleural revelou um exsudado, ausência de células neoplásicas no exame citológico. Laboratorialmente com normalidade do hemograma, velocidade de sedimentação, serologias infeciosas, estudo da autoimunidade e marcadores tumorais. A ressonância magnética revelou volumoso Schwannoma dorsal da raiz de D9 com crescimento intratorácico (Fig 2).Os schwannomas representam cerca 30% das neoplasias primárias da coluna vertebral3. Têm um crescimento lento habitualmente extramedular, são encapsulados, benignos, solitários, originados a partir das células de schwann que revestem o sistema nervoso periférico4. A clinica na maioria das vezes é inespecífica, dependendo do tamanho e localização do tumor5.A imuno-histoquímica para a proteína S100 é positiva em cerca de 97% dos schwannomas6.O tratamento consiste na exérese total de tumor, que resulta em cura de quase totalidade dos doentes.
Figura I

Radiografia torácica antero-posterior com presença de moderado derrame pleural na base do pulmão esquerdo.
Figura II

Ressonância Magnética com aspectos compatíveis com volumoso scwhannoma da raiz da D9 esquerda, com morfologia em ampulheta centrado ao canal de conjugação D8-D9 esquerdo, que está alargado,com componente intra.canalar de pequenas dimensões deformando a vertente adajacente a medula, que não está edemaciada, e cuja a vertente extra-canalar é muito volumosa, medindo na globalidade a lesão cerca de 7,5 x 5,0 cm de maiores diâmetros e de conteúdo predominantemente sólido.
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