Homem de 51 anos com história de elevado consumo de álcool, sem outros antecedentes pessoais significativos. Apresenta-se com episódiosde dor abdominal em cinturão com irradiação ao dorso com início alguns meses antes, coincidentes com ingesta alcoólica e refeições copiosas a que se associou emagrecimento involuntário de 4kg nos últimos 6 meses, sem referência a alteração do trânsito intestinal. Ao exame objetivo havia a assinalar massa palpável na região epigástrica. Realizou TC abdominal que documentou importante calcificação pancreática difusa com presença de quistos septados (Fig.s 1 e 2) sugerindo a presença de pancreatite crónica. A ecoendoscopia foi a favor de pseudoquisto pancreático no contexto de pancreatite crónica. Fez citologia aspirativa da lesão que não revelou malignidade.

A calcificação pancreática difusa é um sinal patognomónico de pancreatite crónica no contexto clínico adequado.¹ Os pseudoquistos podem surgir na pancreatite crónica, sendo importante nestes casos excluir neoplasia associada.²

Figura I

Corte coronal de TC com contraste endovenoso. Presença de lesão multiquística, com algumas calcificações parietais na cabeça do pâncreas (amarelo) associada a ectasia do ducto de Wirsung. Também se identificam calcificações punctiformes no restante parênquima do istmo e corpo do pâncreas que sugerem processo de pancreatite crónica (branco)

Figura II

Corte axial TC sem contraste e.v.. Presença de múltiplas pequenas calcificações irregulares e distribuídas de forma difusa pelo istmo, corpo e cauda do pâncreas, aspecto típico de pancreatite crónica.

  BIBLIOGRAFIA  

1)Löhr JM, Dominguez-Munoz E, Rosendahl J, et al. United European Gastroenterology evidence-based guidelines for the diagnosis and therapy of chronic pancreatitis (HaPanEU). United European Gastroenterol J. 2017;5(2):153-199.

2)1. Samuelson AL, Shah RJ. Endoscopic management of pancreatic pseudocysts. Gastroenterol Clin North Am. 2012;41(1):47-62.