O sinal de Chilaiditi, descrito em 1910 pelo radiologista Dimitrius Chilaiditi, consiste na interposição temporária ou permanente de intestino entre o fígado e o hemidiafragma direito.1-4 É um achado radiológico raro, que geralmente é descoberto de forma casual em doentes assintomáticos durante a realização de estudos radiológicos por qualquer outro motivo,1-3 com uma incidência1 de 0,025% a 0,28%, com predomínio em homens (relação homem:mulher de 4:1) e em pessoas com mais de 65 anos de idade.2
Apresentamos o caso de um homem de 50 anos de idade, hipertenso, trazido ao serviço de urgência por dor torácica retroesternal. Realizada radiografia de tórax que mostrava interposição hepatodiafragmática do cólon (Fig.1), sinal de Chilaiditi.
Quando este sinal radiológico está associado a sintomas como dor abdominal tipo cólica, distensão abdominal, anorexia, náuseas, vómitos, obstipação, e em raras ocasiões, tosse, dispneia ou dor torácica com características pleuríticas, estamos perante um síndrome de Chilaiditi.1-4
É de extrema importância que o médico o saiba reconhecer de forma a realizar um adequado diagnóstico diferencial com outras entidades com elevado grau de gravidade que apresentam uma expressão radiológica muito similar como são: pneumoperitoneu, pneumatose intestinal, hérnia diafragmática, abcesso subfrénico, tumores hepáticos, quistos hidáticos, entre outros.1-3 A visualização das haustras intestinais no seu interior permite diferenciar o sinal de Chilaiditi da presença de ar livre intraperitoneal.2 Em caso de dúvida, pode-se recorrer a outros exames de imagem como a ecografia abdominal ou a tomografia axial computorizada.1-3
Na grande maioria dos casos, o tratamento do síndrome é conservador,1-3 com recurso, consoante o caso, ao repouso, hidratação, dieta rica em fibras, enemas.1-3 A cirurgia dever ser considerada quando os sintomas não respondem ao tratamento conservador1 ou há evidência de complicações.1-3
Figura I

Radiografia de tórax mostra interposição hepatodiafragmática do cólon.
BIBLIOGRAFIA
1 - Teoh SW, Mimi O, Poonggothai SP, Liew SM, Kumar G. Pneumoperitoneum or Chilaiditi’s sign. Malays Fam Physician. 2016;11:22-24.
2 - Gómez-Rubio J, Bárcena-Atalaya AB, Cáceres-Valverde A. RAPD Online. 2015;38:132-134.
3 - Gil Díaz MJ, Murillo Gómez M, Jiménez González P. Signo y síndrome de Chilaiditi: entidades a tener en cuenta. Semergen. 2011;37:267-269.
4 - Esperto H, Ruivo C, Ferreira E. Acta Med Port. 2013;26:71-71.