ARTIGO

Apresenta-se o caso de uma mulher de 56 anos, previamente saudável, com cirurgia a varizes 10 anos antes. Por quadro de choque séptico, com Síndrome de Dificuldade Respiratória Aguda, foi admitida numa Unidade de Cuidados Intensivos em 2017. Na radiografia de tórax inicial (Fig. 1) destacava-se a presença de corpo estranho afilado radiopaco na região do mediastino-a imagem sugeria fio-guia metálico. A TC tórax (Fig 2A e 2B) confirmou a presença de guia metálico com cerca de 45 cm de extensão, com extremidade a nível do tronco braquicefálico direito e veia ilíaca externa esquerda. Até então sem registo de complicações associadas a presença de corpo estranho intravascular, nomeadamente arritmias pela passagem pela aurícula direita, tromboembolismos, infeções ou lesões vasculares 1. Após recuperação do episódio ativo a doente teve alta referenciada para a consulta de cirurgia vascular, tendo sido removido o fio-guia sem complicações. Destacamos este caso pelo tempo prolongado de permanência do fio-guia intravascular, sem complicações associadas. Não existe na literatura referencia a outros casos em que um fio-guia tenha permanecido tanto tempo sem ser detetado ou ter cursado com complicações. Na maioria das vezes a migração intravascular de fios-guias é imediatamente notada e as complicações resolvidas em pouco tempo 2,3.

Figura I

Radiografia de tórax à admissão com fio radiopaco a nivel do mediastino

Figura II

Imagem de radiograma de corpo

  BIBLIOGRAFIA  

1. Guo H, Peng F, Ueda T. Loss of the guide wire: A case report. Circ J. 2006;70:1520–2.

2. Schummer W, Schummer C, Gaser E, Bartunek R. Loss of the guide wire: Mishap or blunder; Br J Anaesth. 2002;88:144–6.

3. Auweiler M, Kampe S, Zähringer M. The human error: Delayed diagnosis of intravascular loss of guidewires for central venous catheterization. J Clin Anesth. 2005;17:562–4.