Mulher de 74 anos, com diminuição súbita da força nos membros esquerdos e dispneia de esforço na semana prévia. Ao exame clínico, vigil, lentificada, com disartria ligeira, parésia facial esquerda central e hemiparésia esquerda (grau 4/5). Sem défices sensitivos. Auscultação pulmonar com crepitações inspiratórias bi-basais e sibilos dispersos. ECG: ritmo sinusal; TC crânio-encefálico: hipodensidade frontal direita, enfartes lacunares antigos núcleocapsulares. Antecedentes de hipertensão arterial, doença de Parkinson e depressão. O ecocardiograma transtorácico mostrou massa volumosa na aurícula esquerda confirmado em ecocardiograma transesofágico (Fig1): massa pediculada (66x25mm), muito móvel, aderente à região do foramen ovale, de superfície irregular, sugestiva de mixoma, insinuando-se através da válvula mitral para o ventrículo esquerdo (VE) e condicionando estenose mitral funcional. Tratamento cirúrgico, com exérese da massa auricular no 11º dia sem complicações. A análise anatomopatológica foi compatível com mixoma cardíaco.

Os tumores cardíacos são raros, contudo, mesmo benignos, têm complicações importantes, como distúrbios na condução cardíaca, obstrução, embolização sistémica e insuficiência cardíaca. O mixoma auricular é o mais frequente (mais de 50%) sendo mais comum na aurícula esquerda e em idades mais jovens. A clínica é variável, mas em cerca de 30% dos casos, os fenómenos embólicos cerebrais precedem o diagnóstico, sendo o mixoma auricular responsável por cerca de 0,5% dos AVC isquémicos.^1,2

Figura I

Mixoma Auricular. AE: Aurícula esquerda; VE: Ventrículo esquerdo; RAo: Raíz da aorta

  BIBLIOGRAFIA  

1. Thyagarajan B, Kumar M, Patel S, Agrawal A. Extracardiac manifestations of atrial myxomas. JsaudiHeartAssoc. 2017; 29: 37-43

2. Negi R, Chauhan V, Bhardwaj R, Thakur S. Atrial myxoma: a rare cause of ischemic stroke. JAPI. 2013; 61: 54-55