O Linfoma de Hodgkin (LH) é uma doença hematológica que se caracteriza pela presença de células malignas denominadas células de Reed-Sternberg. Constitui cerca de 10% de todos os linfomas e é mais frequente na população com idades entre os 20 e os 34 anos. As adenopatias e os sintomas B são a sintomatologia predominante. O envolvimento mediastínico está presente ~60% dos casos e a presença de massas “bulky” (massas de dimensão superior a 10cm e/ou ocupando >1/3 do diâmetro transtorácico) constitui um fator de pior prognóstico.1
Atualmente o LH é considerado uma doença de excelente prognóstico e os mais recentes avanços na investigação do seu tratamento focam-se em aplicar esquemas terapêuticos menos tóxicos e igualmente eficazes.2
Apresentamos o caso de uma mulher de 28 anos, admitida no serviço de urgência como vítima de acidente de viação. A radiografia do tórax evidenciava alargamento considerável do mediastino, pelo que foi solicitada tomografia computadorizada (TC) do tórax para esclarecimento diagnóstico. O restante estudo excluiu lesões traumáticas. A TC tórax mostrava no entanto um volumoso conglomerado adenopático mediastínico com cerca de 10x8 cm, a embainhar os troncos supra aórticos e a crossa da aorta (figuras 1 e 2). A doente não apresentava qualquer sintoma B ou adenopatias palpáveis. Foi submetida a biópsia percutânea da massa mediastínica, cuja histologia revelou tratar-se de um Linfoma de Hodgkin, provável Esclerose Nodular.
Foi encaminhada para Hematologia onde se encontra a cumprir tratamento combinado de quimioterapia e radioterapia.
O LH com massa “bulky” associada é frequentemente tratado como uma doença avançada, requerendo a utilização de esquemas de quimioterapia mais agressivos, seguidos de radioterapia. A toxicidade dos tratamentos, sobretudo entre as mulheres jovens, é de grande impacto, nomeadamente a infertilidade, a toxicidade cardíaca e a maior incidência de segundas neoplasias que são a principal causa de mortalidade entre os sobreviventes.
1,3Figura I

Corte coronal em tomografia computadorizada do tórax com contraste endovenoso, janela mediastínica. Observa-se volumosa massa (MB) a envolver a emergência da artéria aorta (AA) e o tronco pulmonar (TP).
Figura II

Corte transversal em tomografia computadorizada do tórax com contraste endovenoso, janela mediastínica. Observa-se o mesmo conglomerado adenopático (MB) junto da crossa da aorta (CA) mas sem a comprimir aparentemente.
BIBLIOGRAFIA
1 - Shanbhag S, Ambinder, R. Hodgkin Lymphoma: A Review and Update on Recent Progress. CA Cancer J Clin. 2018; 68(2):116-132.
2 – Longo D, DeVita V. Progress in the Treatment of Hodgkin’s Lymphoma. N Engl J Med. 2018; 378:392-394.
3 -Percival M, Hoppe R, Advani R. Bulky mediastinal classical Hodgkin lymphoma in young women. Oncology (Williston Park). 2014;28(3):253-6, 258-60, C3.