Apresentamos o caso de uma mulher de 67 anos, sem antecedentes pessoais de relevo, que recorre ao Serviço de Urgência por tosse, astenia, anorexia, sudorese noturna e perda ponderal. Objetivou-se uma diminuição do murmúrio vesicular no campo pulmonar esquerdo à auscultação. Analiticamente, Proteína C Reativa elevada (78mg/L-normal:<5.0), sem outras alterações. Na Radiografia do tórax (Fig 1) era evidente uma opacidade de contornos arredondados e bem delimitado para-hilar esquerda de dimensões consideráveis. Na Tomografia Computorizada (TC) do tórax (Fig 2) evidenciou-se uma volumosa massa heterogénea, 89mm por 74mm, correspondente a área ganglionar pré-vascular e com ponto de origem mediastínico. A biópsia revelou tratar-se de um Timoma.
Foi encaminhada para o Serviço de Cirurgia Cardio-torácica dos CHUC onde, intraoperatoriamente, identificaram uma lesão na dependência do lobo esquerdo do timo. Atendendo à ausência de sintomas miasténicos, realizou-se a excisão da lesão sem timectomia alargada.
O Timoma é um tumor raro, mas é o tumor primário do mediastino anterior mais comum.1A incidência é igual em homens e mulheres, aumenta com a idade, sendo mais frequente acima dos 40 anos de idade, porém, diminui a partir dos 60 anos. Os sintomas mais comuns são dor torácica, dispneia e tosse, causados pela compressão da massa. Contudo, alguns timomas são assintomáticos e diagnosticam-se em exames radiológicos dum modo incidental.1Pode acompanhar-se de sintomas sistémicos ou síndromes paraneoplásicos, sendo a Miastenia Gravis o mais comum.1A TC é o exame de imagem usado para diferenciação com outras possíveis massas mediastínicas.1O diagnóstico é histológico, necessitando de biópsia.1
A classificação histológica é complexa.2,3O estadiamento é feito com base na classificação de Masaoka-Koga, sendo um sistema de aplicação pós cirúrgica e dividindo-se em 6 estadios (I, IIa, IIb, III, IVa e IVb).1A estratégia de tratamento assenta em dois pilares fundamentais: um estadiamento preciso e uma recessão cirúrgica completa.1Acirurgia é o tratamento de eleição desde que o tumor seja ressecável, seguida de radioterapia adjuvante nos casos em que o timoma invade as estruturas vizinhas.1,3É uma doença de potencial maligno, com uma elevada taxa de recorrência.4
Figura I

Figura 1 – Radiografia do tórax da doente, onde é evidente uma opacidade de contornos arredondados e bem delimitado para-hilar esquerda de dimensões consideráveis.
Figura II

Figura 2 - TC do tórax da doente, onde se evidencia uma volumosa imagem nodular heterogénea, 89mm por 74mm, correspondente a área ganglionar pré-vascular e com ponto de origem mediastínico.
BIBLIOGRAFIA
1 Carter, B. W., Benveniste, M., Truong, M., & Marom, E. (2015). State of the Art MR Imaging of Thymoma. Magnetic Resonance Imaging Clinics of North America, 165-177.
2 Luo, T., Zhao, H., & Zhou, X. (2016). The clinical features, diagnosis and management of recurrent thymoma. Journal of Cardiothpracic Surgery, 11:140.
3 Marx, A., Chan, J., Coindre, J.-M., Detterbeck, F., Girard, N., Harris, N., . . . Ströbel, P. (2015). The 2015 Wourld Health Organization Classification of Tumors of the Thymus. Journal of Thoracic Oncology, 10: 1383 - 1395.
4 Kondo K, Monden Y. Therapy for thymic epithelial tumors: A clinical study of 1,320 patients from Japan. Ann Thorac Surg 2003;76:878-85