Doente do sexo feminino, de 86 anos, é internada por infeção por vírus Influenza A, com insuficiência respiratória. Tinha história tuberculose pulmonar aos 16 anos e clínica intermitente de bronquite desde os 60 anos. Para esclarecimento de alterações parenquimatosas pulmonares, reveladas pela radiografia de tórax, foi pedida TC de tórax. Objetivaram-se bronquiectasias calcificadas e uma lesão cavitada de paredes finas, com sinal de crescente de cerca de 24 mm (figura 1). Negava perda ponderal, anorexia, cansaço, hemoptises, febre ou sudorese. Não tinha eosinofilia ou elevação de marcadores inflamatórios. IgG e precipitinas de Aspergilluseram negativas. Tinha discreta elevação da IgE de Aspergillus, sem elevação da IgE total. Manteve-se assintomática na consulta, sem progressão da lesão descrita durante o seguimento, pelo que se chegou ao diagnóstico de aspergiloma simples.

Os doentes com cavidades pulmonares de diâmetro superior a 2 cm (sequelares a tuberculose pulmonar, por exemplo), têm um risco de 15 a 20% de desenvolver um aspergiloma, normalmente por colonização de Aspergillus fumigatus. Se a lesão for assintomática e estável durante vários meses é designada por aspergiloma simples. Nestes casos, pode-se optar apenas por vigilância clínica. Pelo risco de desenvolver hemoptises, em doentes selecionados e com boa reserva funcional, pode-se optar por lobectomia. O tratamento antifúngico, no geral, é pouco eficaz, pelo que raramente está indicado.

Figura I

Lesão cavitada de paredes finas, com sinal de crescente, sugestiva de aspergiloma (circunferência).

  BIBLIOGRAFIA  

Kosmidis C, Denning DW. The clinical spectrum of pulmonary aspergillosis. Thorax. 2015;70(3):270-7. doi: 10.1136/thoraxjnl-2014-206291.