Apresentamos o caso de um homem, 68 anos, fumador ativo, com antecedentes relevantes para DPOC e exposição a asbestos, internado para estudo de volumoso derrame pleural à direita. Neste contexto, realizou TC torácica com contraste endovenoso (Fig.1 e 2), que confirmou a presença de derrame pleural unilateral, acompanhado de extenso espessamento pleural, sólido e heterogéneo, suspeito para etiologia neoplásica, cujas características de imagens são sugestivas para mesotelioma, nomeadamente pelo espessamento pleural circunferencial (encasementda cavidade pleural), que se projetava para as cissuras e com substancial envolvimento da pleural diafragmática. Não se observam espessamentos pleurais no pulmão contralateral ou lesões nodulares no parênquima pulmonar que apontem para um diagnóstico alternativo (carcinoma broncogénico).
Com esta suspeita diagnóstica, foi realizada biópsia pleural por toracoscopia, que confirmou o diagnóstico de mesotelioma epitelóide, estadio IV, com indicação para tratamento paliativo.
O mesotelioma pleural maligno (MPM) é a neoplasia pleural primária mais frequente, sendo a segunda causa maligna mais comum depois da doença pleural metastática, sobretudo com origem broncogénica.1-3 Em 70 a 80% dos casos existe relação com a exposição ao amianto, não dose-dependente e um tempo de latência medido em décadas (10 a 40 anos). O MPM cursa com um quadro clínico inespecífico, insidioso, com dispneia, tosse, perda de peso e um mau prognóstico a curto prazo.1-4 A tomografia computorizada é o estudo de primeira linha imagiológica na caracterização da patologia pleural. Nesta, a existência de um espessamento pleural com > 10 mm, sobretudo se circunferencial e com envolvimento da pleura cissural e/ou diafragmática são achados com elevado grau de suspeição para atipia pleural primária. No entanto, a capacidade da TC na distinção entre mesotelioma e doença metastática pleural não é patognomónica, implicando caracterização histológica, seja por toracoscopia ou biópsia transtorácica, para o diagnóstico definitivo.1,2,5
Figura I

TC axial: espessamento pleural contínuo e circunferencial (*) com moderado derrame pleural (#).
Figura II

Radiografia posteroanterior e TC coronal: espessamento sólido da cissura horizontal (*) e compromisso neoformativo da pleural diafragmática (#).
BIBLIOGRAFIA
1. Kim, YK, Kim, JS, Lee KW, Yi AC, Koo JM, et al. Multidetector CT Findings and Differential Diagnoses of Malignant Pleural Mesothelioma and Metastatic Pleural Diseases in Korea; Korean J Radiolol. 2016; 17(4): 545-53.
2. Wang ZF, Ruddy GP, Gotway MB, Higgins CB, Fablans DM, Ramasswamy M, et al. Malignant Pleural Mesothelioma: Evaluation with CT, MR Imaging, and PET. RadioGraphics.2004; 24 (1): 105-119.
3. Klawiter A, Damaszke T. Pleural mesothelioma – case report. Pol J Radiol. 2010; 75(4); 61-3.
4. Robinson BW, Lak RA. Advances in malignant mesothelioma; N Engl J Med. 2005; 353; 1591-603.
5. Nickell LT, Lichtenberg JP, Khorashadi L, Abbott GF, Carter BW. Multimodality imaging for characterization, classification, and staging of malignant pleural mesothelioma. Radiographics. 2014; 34; 1692-706.