Doente sexo masculino, 48 anos, autónomo, antecedentes pessoais de hipertensão arterial e asma, sem medicação crónica em ambulatório. Internado por pneumonia bilateral a SARS-COV2, sem insuficiência respiratória, mas com hipóxia e febre persistente que não cedia à terapêutica antipirética.
Em D5 de sintomas, altura da admissão hospitalar, objetivado exantema maculopapular não pruriginoso, não descamativo, indolor, inicialmente a nível abdominal que desaparecia à digitopressão. Realizada terapêutica com corticoide e anti-histamínico apresentando melhoria parcial.
Posteriormente, agravamento do exantema maculopapular com extensão ao tórax, membros superiores e inferiores, regiões inguinal e axilar, poupando as regiões palmar e plantar, bem como as mucosas (Fig. 1-A, B, C, D). Melhoria espontânea gradual, sem realização de qualquer terapêutica dirigida. O aparecimento do rash não foi associado a períodos febris ou à toma de fármacos visto ter sido observado à admissão hospitalar previamente à administração de qualquer medicação e o doente apenas estava a realizar paracetamol no domicílio pelos picos febris. No internamento medicado apenas com brometo de ipratrópio, salbutamol, paracetamol e enoxaparina.
Apesar da COVID19 se apresentar predominantemente com sintomas respiratórios, as manifestações cutâneas desta doença podem ser observadas em até 20,4% dos doentes.1 A COVID19 associa-se a diferentes padrões de envolvimento cutâneo.1–3 Nenhum deles patognomónico, mas que podem ser a primeira manifestação da doença sendo, portanto, importantes no diagnóstico precoce de doentes de outra forma assintomáticos. O rash eritematoso maculopapular como o deste caso, é um dos padrões de envolvimento cutâneo descrito na literatura, afetando adultos de meia-idade e cujo aparecimento é simultâneo ou posterior 2 aos sintomas extracutâneos. Outros padrões mais frequentemente descritos incluem: rashes vesiculares, urticariformes, vasculares e ainda erupções tipo eritema-multiforme.1–3 A importância deste tipo de lesões, bem como a sua correlação com a gravidade da doença e prognóstico ainda não está bem esclarecida.1-3
Figura I

Rash maculopapular associado à COVID19. A – Tronco, B – Membro superior, C- Membro inferior, D - Pés
BIBLIOGRAFIA
1. G. Daneshgaran, D. P. Dubin, and D. J. Gould, “Cutaneous Manifestations of COVID-19: An Evidence-Based Review,” Am. J. Clin. Dermatol., 2020, vol. 21, no. 5, pp. 627–39, doi: 10.1007/s40257-020-00558-4.
2. H. Rahimi and Z. Tehranchinia, “A Comprehensive Review of Cutaneous Manifestations Associated with COVID-19,” Biomed Res. Int., 2020, vol. 2020, pp. 1–8, doi: 10.1155/2020/1236520.
3. H. Singh, H. Kaur, K. Singh, and C. K. Sen, “Cutaneous manifestations of COVID-19: A systematic review,” Adv. Wound Care, 2020, vol. 00, no. 00, pp. 1–30, doi: 10.1089/wound.2020.1309.